A Ilha do Mel, no litoral do Paraná, possui um status
especial entre os destinos do ecoturismo. É uma Reserva da Biosfera, título
reconhecido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura).

Ilha do Mel, Paraná
O conjunto de mar, morros, costões, manguezais, brejos
litorâneos e restingas da mata atlântica convida a longas caminhadas, boa parte
delas em trilhas bem sinalizadas. O único meio de transporte terrestre é a
bicicleta. Não há cavalos puxando carroças. Automóveis, jardineiras? Nem
pensar.
Dividida em duas unidades de conservação da natureza: Estação
Ecológica e Parque Estadual, a Ilha do Mel é administrada pelo IAP (Instituto
Ambiental do Paraná), que controla o acesso de turistas. A lotação máxima é de
5.000 pessoas, marca raramente atingida.
O controle e o cadastro dos visitantes são feitos no
terminal de embarque de Pontal do Sul, um balneário de Pontal do Paraná, ou no
terminal de embarque de Paranaguá, o município a que a ilha está vinculada. De
lá os barcos partem para as vilas de Encantadas, ao sul, ou de Brasília, ao
norte, que concentram a estrutura de pousadas, restaurantes, postos de saúde e
de informações, com mapas.
São paisagens distintas, no tipo de movimentação da orla,
nas praias e nas opções de lazer, que se complementam. Quem decide ficar em
Encantadas, por exemplo, tem um trapiche imponente recortando o horizonte, a
Gruta das Encantadas ao final da mais tranquila das trilhas e o Mar de Fora,
com uma confortável praça de alimentação, disponível para mergulho e surf.
A opção por Brasília (ou Nova Brasília) traz a proximidade
das principais construções históricas: o Farol das Conchas e a Fortaleza de
Nossa Senhora dos Prazeres. E também a diversidade das praias, sendo que as da
Fortaleza, do Farol e Praia Grande contam com pousadas.
Para muitos, o charme do lugar, procurado especialmente nos
feriadões, vem da rusticidade e da sensação de isolamento. A iluminação
elétrica, antes a diesel, chegou em 1998 (ano de Copa do Mundo), por cabos
submarinos.
Os surfistas e a garotada de porte atlético, com saúde para
trilhas morro acima, ajudam a caracterizar o público deste refúgio incluído na
programação de festas de formaturas de estudantes, quando a vida noturna se
agita com forró, reggae e rock. Bares e restaurantes adotaram no cardápio o
chamado 'prato surfe', com arroz, saladinha, batata frita, carne ou camarão.
Fora da estrutura de descanso das pousadas, algumas com
piscinas e chalés, famílias com crianças e grupos da terceira idade têm à
disposição passeios de barco, como o que vai de Encantadas até Brasília e
vice-versa e outros que fazem a volta completa à Ilha. Trilhas fáceis como a da
Gruta das Encantadas e a do Farol são para qualquer idade ou preparo físico.
Interessados em geologia e biologia, por exemplo, não ficam a ver navios na
baía de Paranaguá. Existe todo um catálogo a observar: os migmatitos na Gruta e
na Fortaleza, os diques de diabásio próximos do Farol, falésias, piçarras e
areias negras na praia da Fortaleza.

Farol, Ilha do Mel
Dias a mais permitem imagens diferentes do pôr-do-sol, nos
vários recortes da ilha em formato de baleia. Vale a pena perder-se pelas
ruelas estreitas (de dia!), descobrir aos poucos as engenhosas soluções dos
ilhéus para as casas de madeira no meio das árvores. Não esqueça o kit básico
de sobrevivência: chapéu, óculos escuros, repelente para mosquitos, protetor
solar, mangas e calças compridas de fácil secagem, sandálias e tênis
antiderrapantes.
Leve também dinheiro (não há caixas eletrônicos) e remédios
para emergências (não há farmácias). E não custa comprar um maiô novo para
estrear na Reserva da Biosfera. Uma homenagem mínima à preservação do planeta.
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