Mostra de Sebastião Salgado chega a São Paulo com imagens da
natureza intocada
Geórgia do Sul, Atlântico. Cercados por centenas de
pinguins, dois elefantes-marinhos se viram para Sebastião Salgado no momento em
que são clicados. Refletida no olho de um deles, a imagem do fotógrafo é
congelada. Das 245 fotos da mostra Genesis, que revela a natureza intocada em
áreas remotas da terra, esse é o único registro de uma interferência externa
nos ecossistemas retratados. Em cartaz a partir de 4 de setembro, no Sesc
Belenzinho (sescsp.org.br/belenzinho), em São Paulo, a exposição é sucesso
desde abril, quando estreou em Londres. O projeto do cultuado fotógrafo mineiro
se materializou em 30 viagens entre 2004 e 2011, a bordo de teco-tecos, barcos
e canoas, e já rendeu um livro homônimo (Taschen, 520 páginas, R$ 160). Genesis
e a obra de Salgado ainda devem virar um documentário dirigido por Wim Wenders.
Foco no sentimento
Os lugares fotografados por Salgado, 69 anos, não estão na
rota das operadoras ou das companhias aéreas. Mesmo nas imagens com seres humanos,
o que se vê são comunidades isoladas vivendo como há 20 mil anos. Foi assim no
Parque do Xingu, no Mato Grosso, sobre o qual salgado declarou: “É um
reencontro com nós mesmos. Não evoluímos nada no que é essencial à vida. Tudo
já existia – amor, noções de medicina, conservação do solo, matemática”.
Dividida em cinco seções geográficas, a mostra traz fotos acachapantes de
animais, icebergs, montanhas, desertos... Sobre a opção pelo preto e branco, o
fotógrafo afirma já ter trabalhado muito com cores, mas que nunca as
compreendeu. “Ao me abstrair da cor, observo melhor o sentimento.”
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